O mundo contemporâneo tem uma teia de questões sociais, que destaca a necessidade de medidas capazes de melhorar o acesso a diversos direitos e condições que favoreçam a dignidade humana. Neste ínterim, a justiça ambiental e a interseção com as experiências de mulheres pretas no ambiente profissional são questões que podem impactar significativamente o desenvolvimento de carreira.
O pertencimento às áreas periféricas, que em muitos casos apresentam uma série de desafios diários em relação a mobilidade, a própria qualidade de vida e ao romper de ciclos históricos que se perpetuam por gerações, também está atrelado com a disparidade de oportunidades, com a desigualdade socioeconômica, o julgamento racial e ambiental,ou seja, quando alguém é discriminado apenas por viver em um região afastada dos grandes conglomerados imobiliários, com a qualidade de uma grande cidade ou em construções que esbanjam luxos e condições que são ostentadas pelo outro lado.
Sem direito a escolher onde queremos viver, somos em muitos momentos destinadas a regiões que sofrem com a falta de infraestrutura adequada, poluição, acesso limitado a serviços básicos e oportunidades de emprego precárias. Em muitos casos, as áreas que estão segregadas se concentram próximas das indústrias pesadas, dos depósitos de lixo e de regiões poluídas, o que também afeta diretamente a saúde e a qualidade de vida dessas populações.
Para garantia de direitos, a justiça ambiental busca que todos os indivíduos, independentemente de raça, gênero ou classe social, convivam em espaços saudáveis e seguros. No entanto, as mulheres negras que habitam nessas áreas, enfrentam desafios únicos que minimizam sua capacidade de desfrutar daquilo que é fundamental. Sobrecarregadas com afazeres domésticos e as múltiplas responsabilidades da família costuma se tornar inviável lutar por melhorias e alcançar oportunidades educacionais e profissionais que as habilitem a fazer mudanças significativas em suas comunidades.
A discriminação, que se faz presente em diversos contextos na vida de uma mulher negra, também pode reduzir suas chances de conquistar empregos bem remunerados e cargos de liderança, perpetuando o ciclo de desigualdade econômica e ambiental. Nesse mesmo contexto, uma série de barreiras - como a falta de acesso à educação de qualidade e redes de apoio, tratamentos que as diminuem no local de trabalho e oportunidades limitadas de desenvolvimento profissional - também atravancam o caminho, revelando e perpetuando a disparidade de oportunidades entre mulheres pretas e seus pares brancos.
Em meio a este cenário conflituoso, há quem consiga romper e promover movimentos para alcançar a justiça ambiental e chegar ao sonhado crescimento profissional. Seja organizando atos em comunidades, advogando por políticas inclusivas, desenvolvendo negócios sustentáveis e capacitando outras mulheres a se tornarem agentes de mudança em suas próprias vidas e comunidades, é necessário que tenhamos um movimento nosso, mas também um olhar humanizado, justo e equitativo do ponto de vista das gestões empresariais.
É necessário e urgente o olhar sobre as múltiplas questões que se interligam, colocando lado a lado raça, gênero e classe, na busca pela justiça ambiental e pelo empoderamento das mulheres pretas em áreas periféricas. Para isso, apenas um compromisso sólido e constante com a quebra de barreiras, a criação de oportunidades educacionais e de empregos, além do reconhecimento da voz e das vivências dessas personagens que são tão relevantes para transformar e buscar aquilo que já deveria ser nosso por direito.
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