Por Juliana Kaiser
A luta pelo reconhecimento e o pertencimento de pessoas que passaram gerações afastadas do universo corporativo tem passado ao longo dos anos por evoluções que parecem finalmente avançar nestes temas, ainda que devagar e exigindo maior dedicação dos agentes envolvidos nesta esfera. Além de todos os desafios enfrentados no ambiente empresarial, ainda é necessário se falar sobre a representatividade e conquista de espaços que antes pertenciam apenas a determinados públicos, como os homens brancos.
Com o objetivo de estimular as organizações a implementarem e desenvolverem uma consciência coletiva em torno do assunto, a Bolsa de Valores no Brasil ( B3), criou o IDIVERSA, um índice que se baseia nos números de colaboradores que se enquadrem em grupos subrrepresentados como o de pessoas pretas, indígenas e mulheres, permitindo destaque deles nas corporações, por seus diferenciais e estímulo à diversidade, diante destes critérios.
“Neste índice, a pontuação vai crescendo ou não, a partir de medidas que são adotadas pelos empreendimentos, ampliando os lugares de acesso e democratizando os cargos de confiança e provocando uma mudança hierárquica. É preciso romper com as barreiras impostas pelos regimes arcaicos e se abrir para moldes mais abrangentes e que tornem a sociedade mais dinâmica e igualitária”, explica a especialista em ESG e diversidade Juliana Kaiser.
Ao todo, fazem parte do Id da B3, 75 companhias que foram definidas como referência no primeiro índice de investimentos baseado na diversidade, somando 79 ações no total. Um dos principais critérios para as empresas escolhidas foram ter pelo menos uma mulher ou uma pessoa negra no conselho de Administração e na Diretoria. O IDVERSA faz parte de um compromisso firmado em 2021 pela B3, quando emitiu o primeiro título vinculado à sustentabilidade, o SLB.
“Em uma visão otimista, se percebe que organizações e instituições de peso, cada vez mais, vêm trazendo à tona a importância de se discutir ações de ESG, inclusão e diversidade, refletindo em ambientes mais saudáveis, produtivos e abertos para o desenvolvimento de outras potencialidades”, pontua a fundadora da Trilhas de Impacto, Juliana Kaiser. Nas suas vivências fora do país, afirma que faz mais reuniões com pessoas negras lá do que aqui no Brasil, o que não faz sentido, já que a população negra no país ultrapassa 54%.
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